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Os Movimentos Indigenistas na Internet


O fenômeno do Ciborgue Zapatista no que diz respeito à resistência realizada no ambiente virtual não ficou restrito aos Chiapas no México, nos dias de hoje a internet e a tecnologia é utilizada por outras comunidades nativas em todo planeta para reivindicar justiça social, econômica e política para povos oprimidos. E um dos instrumentos mencionados por Abdel-Moneim para se difundir informações, as lutas desses povos e o próprio pedido de apoio a outros países e comunidades, se faz através do e-mail e da criação de websites.

 

A vantagem de uma comunidade indígena em possuir seu próprio website está no fato de que ele será apresentado para todas as partes do mundo, sendo acessível a todos que possuírem um computador com internet. O site mostrará a visão do nativo sobre ele mesmo e sobre seus governos tidos como opressores, deixando de haver uma intermediação com outros tipos de mídia, a exemplo da televisão, do jornal e do rádio, que vão imprimir a visão do jornalista ou até de bases do governo sobre esses povos.

 

A utilização da internet permite fazer com que os vídeos, imagens, textos e discursos postados possam se materializar em outras mídias ao ser impressos, exibidos na televisão, lidos no rádio. Dessa forma é possível não apenas vê-las e obtê-las nesse mundo virtual, como também é possível que sejam expandias para todo planeta.

 

Além disso, é possível que esses grupos indígenas obtenham apoio de suas causas através da ajuda de outros países, Organizações Não-Governamentais (ONGs) e outras pessoas e comunidades que se identificam com suas lutas, havendo a participação de intelectuais, profissionais das mais diversas áreas, como grupos indígenas de outros países e simpatizantes com a finalidade de atingir justiça social.

 

Dessa forma, o site se propõe a mostrar um pouco da história dos Aymara, suas tradições culturais com a presença de fotografias, imagens e biografias como também apresentar as propostas dos atuais anciãos que governam essa população, também estabelecendo críticas às autoridades governamentais da nação e ao próprio clero que não dão a devida atenção a esse grupo indígena. Dessa forma, com base na página inicial do site, estão estabelecidos seus objetivos que é a de retratar a história e a cultura dos Aymara como também estabelecer uma série de críticas ao governo boliviano, ao imperialismo americano e à própria Ordem Econômica Mundial.

 

Pelo próprio nome do site “Willka” seguido de sua tradução em língua Aymara, é possível afirmar que o site foi criado e mantido pela comunidade indígena Aymara. Com apoio dos líderes políticos dessa comunidade, que também vão estabelecer ao longo dos links, um material de relevância para essa comunidade, denotando sua existência material e promovendo a possibilidade de serem conhecidos por habitantes de outros países e outras tribos.

 

No que toca a estrutura do próprio site, na página inicial do site é possível encontrar imagens dos nativos, um vídeo do YouTube que mostra um discurso de um nativo, sendo exibidas uma série de bandeiras da comunidade Aymara. Mais abaixo estão artigos e links estabelecendo críticas ao neocolonialismo americano, podendo ser visualizada uma charge com a imagem de George Bush vestido de cavaleiro medieval e comemorando uma vitória juntamente com soldados que possuem símbolos nazistas em suas vestimentas.

                        

No decorrer dessa reportagem, o escritor faz uma crítica ao governo boliviano que aceitou em seu território o croata Ustasha acusado de crimes de genocídio nazista e encontrou abrigo na Bolívia mesmo após ter sido impedido de entrar em países como Argentina e Paraguai. Os principais links do site são compostos por 15 links que vão tratar dos seguintes temas: os Willkas, a Guerra Federal, Pablo Zárate, Traição Liberal, Neoliberalismo, Neocolonialismo, Razões Índias, Sindicatos Campesinos, U. Tupac Katari, Limpeza das águas, Tirania do Mercado, Biografias, Enlaces, Livros e Correio Eletrônico.

 

O primeiro link “Willkas” corresponde à definição do termo Willka e são traçados os objetivos do site. Mais adiante o link que trata da “Guerra Federal” mostra como se deu essa guerra na Bolívia, demonstrando a participação dos Aymara nessa conquista. O confronto está bastante detalhado em datas e são exibidas imagens como também os resultados e sequelas da guerra.

 

No link que fala sobre o neoliberalismo existe artigos que abordam a questão da ALCA o bloqueio do gás. Já no link destinado neocolonialismo há uma série de outros links contendo artigos relacionados a este tema, a exemplo de assuntos que falam sobre comércio exterior, a ocupação armada de territórios indígenas, entre outros. No link Limpeza das Águas é abordada a questão da poluição dos rios bolivianos e mostra também medidas de tratamento deste recurso natural através de imagens.

 

No link Biografias, é possível encontrar a biografia de personagens que foram importantes para os Aymara, constando biografias como as de Tomás Catari, Pablo Zátare e até mesmo do próprio Evo Morales. Também há um link voltado para a reivindicação de uma universidade para nativos, conforme o link intitulado U. Tupac Katari.

 

No penúltimo link que trata dos livros, são mostradas leituras consideradas importantes para os Aymara, sendo indicados quatro livros que são os seguintes "Terra e Liberdade" de Fauto Reinaga, “Pedras e ossos nas areias do Ñancahuazu” de Eusébio Tapia, “A minha campanha do Che” de Inti Peredo" e "Modelo Ayllu” de Yvette V. Mejia. Segundo a descrição do site, os livros falam um pouco dessa nação indígena, aparecendo a imagem de cada livro e um pequeno resumo ao lado. O último link é o que se refere ao Correio Eletrônico no qual fica disponibilizado o e-mail do criador do site para que qualquer pessoa que tenha interesse ou queira obter maiores informações sobre os Aymara, possa entrar em contato.

 

Como oportunidade de melhoras para o site, apesar de está escrito em espanhol e haverem tradutores de páginas na internet, ficaria como dica a disponibilidade da mesma página em outros idiomas, como o Inglês e o Português. Tendo em vista que uma tradução realizada pelo criador do site e sua equipe trariam informações mais fidedignas do que a mera tradução de sites virtuais. Outra sugestão seria a de melhor organizar as imagens, colocando legendas e informando a origem de cada uma delas, já que muitas das imagens encontram-se soltas no decorrer do texto, dificultando a assimilação e em último caso, podendo ser interpretadas de maneira errônea.

 

A internet continua sendo um grande instrumento para os grupos nativos, seja para colaborar com seus movimentos de reivindicação, seja para preservação de sua cultura e existência. Mesmo havendo a possibilidade de serem posteriormente banalizados, Abdel-Moneim nos aponta alternativas para manter a luta dos povos indígenas viva, que é através da renovação interna desses movimentos. Sendo necessário que esses povos sempre tragam novidades, informações e até mesmo uma agenda de lutas e eventos para que não acabem esquecidos futuramente. Além disso, há a necessidade e apoio de outros tipos de mídia, como a importância de um espaço na televisão ou nos jornais para que possam diversificar os meios de luta, não se restringindo apenas ao ambiente virtual.