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A Mídia no Século XVII


Inicialmente faz-se necessário identificar a corrente historiográfica à qual os autores se filiam segundo sua obra “A mídia e a esfera pública no início da Europa Moderna”, bem como conhecer quais foram as fontes pelas quais Asa Briggs e Peter Burke se utilizaram. Sendo assim, é possível perceber que para compor sua obra, os autores se filiaram a corrente da Nova História Cultural, enfatizando, portanto, o papel da mídia enquanto um forte instrumento que atuou na própria consciência popular, sobretudo nos movimentos religiosos e políticos entre os séculos XVI e XVIII. Para compor a obra, fez-se necessários os autores utilizarem fontes escritas e não escritas. Dentre essas fontes escritas podem ser citadas como jornais, panfletos, folhetos e teatralizações. Como meios não escritos estão as imagens, pinturas, xilogravuras e esculturas. Sendo assim, é possível nos questionar quais foram essas mídias atuantes no recorte temporal que se estende do século XVI ao XVIII e quais ideias elas veicularam?

 

Inicialmente os autores enfatizam que em muitos momentos os meios de comunicação de uma certa forma contribuíram para a realização de acontecimentos marcantes da história, como também houveram momentos em que o acesso à informação tornou-se bastante restrito e dente as civilizações que se destacavam nessa relação participação da vida política e a atuação da mídia na construção de uma esfera pública estão a população florentina nos séculos XIII ao XV. E a mídia nessa população era utilizada no âmbito da política através de cartazes políticos afixados e os grafites desenhados nas paredes.

 

Já inter-relacionando  a utilização da mídia na Reforma, se percebe que foi na cidade de Nuremberg (Alemanha) que a mídia impressa esteve envolvida em um importante conflito ideológico. Visto que o movimento de reforma religiosa foi considerado um movimento social, que tinha por intenção reformar a velha igreja católica e não fundar outras igrejas, sendo assim essas ideias eram incutidas na população de forma coletiva e consciente. Tendo Martinho Lutero como líder desse movimento, foi trazendo a ideia de que cada um tivesse acesso direto com Deus que a bíblia foi traduzida para o vernáculo. Seguiu-se também a realização de diversos debates ocorridos na época pondo em questionamento as funções e os poderes do papa e da igreja, foram esses debates juntamente com a difusão de panfletos que contribuíram para a emergência de um pensamento mais critico entre a população e a formação de uma opinião pública.

 

Com o estabelecimento das outras igrejas protestantes as tradições dessas religiões passaram a ser transmitidas além de peças, impressos e pinturas, utilizaram preponderantemente através da palavra, seja ela falada ou escrita. O papel dos impressores também merece destaque, tendo em vista que apesar de muitos estarem interessados apenas nas vendas, muitos deles ajudaram na difusão das novas ideias religiosas e até mesmo atuaram na Alemanha auxiliando na unificação do vernáculo. Os panfletos considerados como “meio de comunicação de massa” visto que eram dirigidos às pessoas comum e ao passo que também eram lidos e discutidos nos debates públicos Outro tipo de mídia importante também, utilizada na reforma foi a utilização de imagens e pinturas religiosas, esses tipos de mídia eram tidos como um importante meio de comunicação com os analfabetos, por fim tinha também as encenações teatrais que se difundiam pelas ruas com a intenção de fazer com que as pessoas ficasse contra as ideias difundidas pela igreja católica.

 

Após as guerras religiosas na França, onde predominaram as guerras de imagens, a utilização da panfletagem passa a ser utilizada do âmbito político para o religioso, neste caso eles atuaram, sobretudo para combater o governo da rainha Catarina Médici em meados do século XVI. No século seguinte aparece a “Gazzette” um jornal oficial que tinha por função a veiculação de notícias que construía uma imagem vangloriada do rei Luiz XIV. Na Holanda a mídia teve um papel importante durante a revolta contra Felipe II da Espanha, a panfletagem foi produzida em número recorde e traziam ideias da lenda negra do despotismo, obscurantismo e fanatismo da Espanha.

 

Durante a guerra civil inglesa a mídia foi utilizada através das palestras, sermões, textos, imagens e ações rituais, neste caso as elites utilizavam-se de todas as estratégias possíveis para recorrer ao apoio do público. Até mesmo petições eram desenvolvidas através de assinaturas populares e eram elevadas ao parlamento. Também foram propostos o debate sobre a liberdade de imprensa, resultante da explosão da matéria impressa na época, dessa forma tentava-se através dessa liberdade coibir qualquer tipo de censura, principalmente aquela provinda da igreja católica. O efeito da mídia e as mensagens que visavam a modificação da mentalidade popular foi ocasionando a entrada progressiva da esfera política na vida cotidiana. Já com a Revolução Inglesa um dos acontecimentos mais significativos para a difusão de informações e ideias foi o surgimento da imprensa periódica não-oficial e foram responsáveis segundo Briggs e Burke por tornar a esfera pública temporária em uma instituição permanente, tornando a política como parte do cotidiano das pessoas.

 

No tocante ao iluminismo e a Revolução Francesa tendo como ideias vinculadas à Razão e a crítica em oposição à superstição, tradição e preconceito, no século XVIII a mídia atuou principalmente como meio educacional. Neste caso, as ideias dos pensadores franceses como Voltaire, Rousseau, Diderot por sofrerem censura dos jornais, encontraram através das peças teatrais, pinturas e estudos históricos como um meio de difusão de suais ideias de âmbito político. Aparece também a enciclopédia dividida em quatro volumes e também utilizada enquanto veículo para a política. Apesar de ser acessível inicialmente apenas para os ricos, também foram impressas enciclopédias mais baratas com a finalidade de atingir as classes menos abastadas.

 

Segundo Briggs e Burke o envolvimento do povo na Revolução Francesa de 1989 pode ser considerado tanto causa como consequência da participação da mídia, na medida em que havia o reconhecimento de que a opinião pública era uma entidade que deveria ser informada, e ficava à cargo da mídia em acompanhar como esses fatos se sucedia e na mesma velocidade informar a população desses eventos. Daí a importância dos jornais oficiais e não-oficiais para transmitir essas informações de forma mais efetivas do que se fossem publicadas em livros ou panfletos, contudo, é importante lembrar que a maioria da população francesa não sabia ler, portanto, a comunicação oral foi tão importante quanto a publicação dos jornais que informavam a população letrada.

 

As promoções dos debates públicos continham intrínsecas as idéias de liberdade, fraternidade, nação, pátria. A comunicação visual teve significação durante a Revolução Francesa, principalmente atrelada à destruição de imagens religiosas, simbolizando assim, o rompimento com o Antigo Regime. E apesar de haver uma tentativa dos governos em controlar o que se imprimia e as manifestações da mídia que eram consideradas uma “ameaça”, outros meios de comunicação foram sendo desenvolvidos, seja através dos transportes e até mesmo no desenvolvimento dos telégrafos.