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Os Objetivos de Ensino


Segundo Martins toda ação humana tem em vista um objetivo, seja ele explícito ou não. É neste mesmo raciocínio que se percebe que quando o indivíduo estipula um objetivo ele em seguida irá formular meios para conseguir atingi-lo. A formulação de objetivos também pode ser considerada uma atividade freqüente na ação educativa Dessa maneira, determinar os objetivos de ensino torna-se uma tarefa essencial para o professor no que diz respeito ao planejamento da prática educativa. E estes objetivos mesmo assumindo diferentes formas de elaboração conforme o modelo de educação adotado, constitui a base para que o professor possa melhor selecionar as técnicas de ensino, os recursos materiais que serão utilizados, os conteúdos que serão trabalhados em sala e por fim, a melhor forma de avaliação para analisar se os objetivos estão sendo de fato atingidos corpo discente.

Sob a perspectiva da didática teórica, compete ao professor com sua experiência na docência estabelecer os objetivos a serem atingidos por cada uma de suas turmas, de forma individualizada, tendo por base a obtenção de informações acerca do alunado, como o seu nível de desenvolvimento cognitivo, suas necessidades e interesses. Além disso, é preciso que os objetivos traçados pelo professor estejam relacionados com as condições socioeconômicas dos alunos e buscando, principalmente, superar os problemas da vida contemporânea impostos pela sociedade.

Freqüentemente muitos autores procuram fazer uma distinção dos objetivos na didática prática e na didática teórica, demonstrando que muitos dos objetivos abarcados por esta didática teórica não podem ser alcançados na prática, e essas idéias também se perfazem quando se observa a questão da construção dos objetivos no campo prático da docência. Assim sendo, é possível afirmar que na maioria das vezes o professor não participa diretamente da elaboração dos objetivos que estará ao longo do ano letivo pretendendo alcançar, geralmente o professor já encontra os objetivos determinados pela escola e posto de forma generalizada, desconsiderando a existência de turmas heterogêneas e, além disso, esses objetivos pré-formulados muitas vezes desconsideram o papel do professor e do aluno enquanto atores sociais e que muitas vezes fazem parte de uma realidade que não condiz com os objetivos “neutros” que serão atingidos.

Diante desse movimento de exclusão de professores do processo de concepção dos objetivos de ensino que deverão ser atingidos, percebe-se que muitos professores assumem uma postura passiva, e acabam se tornando meros executores do saber, alguns professores mostram-se até insatisfeitos, porém, buscando ultrapassar esse posicionamento cômodo, há os professores que mesmo observando que os objetivos não condizem com a realidade dos seus alunos, procuram adaptar o que é ensinado em sala distinguindo quais objetivos são importantes e deverão ser perseguidos e quais não são importantes devendo, portanto, ser abandonados. É através desta distinção de posicionamentos que é possível distinguir o “professor-policial” do “professor povo” através das maneiras de agir de cada um, no tocante às práticas diárias da escola. 

Segundo Nidelcoff o papel do educador é o de estar junto à criança ou jovem ajudando-o a descobrir e viver determinados valores. Por isso, para a se educar é preciso partir de certos valores e estes valores devem estar comprometidos com a necessidade de incentivar os alunos a terem personalidades mais plenas, que estimulem a solidariedade, a dedicação e a criatividade para que no futuro possam ter uma formação enquanto cidadão atuante, muito além do que a mera acumulação de saberes cognitivos.

A partir da idéia que a educação está vinculada aos valores, resta estabelecer quem definirá esses valores a serem transmitidos em sala de aula, daí a importância do professor ter essa consciência da sua importância para a determinação desses valores bem como objetivos comuns que estarão imbricados na sua prática de ensino. Mesmo assim, a definição dos objetivos pode ser determinadas pelo grupo no qual o conjunto determina os objetivos de curto ou médio prazo, quais habilidades deveram ser reforçadas, as atividades que serão desenvolvidas e o estilo de trabalho e organização que serão definidos. E ainda há a possibilidade desses objetivos serem impostos, neste caso o educador de forma autoritária estabelece o que deve ser pensado e define suas tarefas.

Distinguindo melhor o posicionamento dos dois tipos de professores, o “professor-policial” no tocante aos seus objetivos de planificação, costuma a ter objetivos puramente formais e demonstra uma posição descompromissada em estabelecer objetivos que possam ser posteriormente alcançados. Seus objetivos costumam ser amplos, vagos e imprecisos de forma que não fica claro o que se espera alcançar durante o ano escolar. São objetivos intemporais, assumindo uma postura de “neutros” e ignorando a existência de referências espaciais e de conflitos socais.

Quando se parte para os objetivos reais, que são aqueles procurados no cotidiano pelo professor-policial, se observa mais o interesse em manter a “disciplina” do grupo através da imposição de ordens e da repressão, fazendo com que o aluno se acomode e não estabeleça questionamentos. Estes objetivos estão mais preocupados com o fator intelectual do aluno, desvalorizando o desenvolvimento de suas atitudes, dessa forma um aluno caracterizado como “bom” será aquele que sempre alcança as notas mais altas. E por fim, esse professor está mais atrelado a cumprir o objetivo, o programa que ele determinou ou que lhe foi meramente encarregado de executar.         

Quando se observa a atuação do “professor-povo” é possível perceber um posicionamento diferente do “professor-policial”, tendo em vista que é o “professor-povo” que irá estabelecer objetivos pautados na possibilidade de seus alunos se liberarem das estruturas opressivas da sociedade, ou seja, esse professor estipulará objetivos que mostram aos alunos a realidade social com lucidez e criticidade, descobrindo as causas dos problemas e desafios sociais. Seus objetivos ajudam os alunos a assumirem seu compromisso diante da realidade, visando modificar o contexto social ao qual fazem parte, e finalmente, o “professor-povo” ajuda os alunos a serem livres para se expressarem como também pare se organizarem.